domingo, 1 de abril de 2012

A Mulher Que Anda.


Toda mulher chora, fala, se cala, sorri, dança e canta, mas nada se compara a mulher que anda. Que me perdoem as multifacetadas, mas o andar é fundamental, quase imprescindível. Não se pode dizer nada de uma mulher que não anda como uma mulher. Há que ter graça no andar, como uma gazela, como se dançasse, como uma “mulher” de verdade. Não basta ser apenas linda ou gostosa. Os adjetivos da mulher que anda estão além disso, muito além. Nem toda mulher muito linda sabe andar, mas toda mulher que sabe, normalmente é lindíssima em tudo, inclusive e principalmente na personalidade. Seu andar é seu segredo. Não fosse pelo andar ela seria uma cantora de funk, meio homem, meio mulher.

Em quase cinquenta anos só pude “vislumbrar” quatro mulheres que andam, e dessas, só duas pessoalmente. Mas vou relaciona-las por ordem de importância e elegância: Luana, esposa de meu velho e bom amigo Welson. Pensa num homem de sorte! E ela idem. Tão queridos amigos que não sei se tenho mais ciúme dele com ela ou dela com ele. Em segundo está a “mulher que anda”, falo dela em seguida, se coragem me restar. Depois vem a exuberância de Ingrid Bergman que se eternizou em Casablanca e Jacqueline Kennedy Onassis que perturba meus sonhos mal sonhados sempre que a libido interfere nos mesmos.

Se engana o homem que procura outra coisa numa mulher. De que vale uma bunda linda que não sabe andar! A mulher que anda tem todas as qualidades, títulos e atributos que uma mulher precisa ter. Basta olhar direito. Shoppings são ótimos lugares pra saber do que estou falando. Você não vai encontrar uma mulher que anda em autoestradas ou dentro de um cinema. Se você olhar uma mulher, mesmo de costas, e numa primeira impressão ela lhe pareceu lindíssima, não faça nada ainda, espere que ela ande. A paciência é uma dádiva. Aliás, a mulher que anda odeia homens apressados, espalhafatosos e imediatistas.

Tudo bem, seus cabelos são tão assim, seu corpo, seu olhar, mas espere, ela está parada ainda. Espere ela dar pelo menos dois passos, e dai você decide. Dois passos bastam pra que você identifique a mulher que anda. Ela não tem pressa, é como se a vida andasse nos seus passos. A impressão que se tem é que ela ensaia cada passo. Por isso são lentos, serenos, calmos, como se pisasse em ovos, ou em você. Sim, por que acredite - o andar de uma mulher muito machuca um homem.

Se depois disso tudo você tiver a sorte de “identificar” a mulher que anda, e se com mais sorte ainda ela o olhar com o canto do olhar, então reaja. Lembre-se da ação e reação. Mulheres assim se encarregam da ação, elas são sabedoras do que querem e você tem apenas que esperar. Esperar, isso mesmo, espere que ela o olhe de novo e então seja reciproco e ela se encarregará do resto. Nunca aborde uma mulher que anda, elas estão muito além disso.

Se engana também a mulher que não sabe andar ou que não de valor a isso. De nada valem Botox mil, grifes, ser resolvida, descolada, se a coisa principal não sair do jeito que deve ser. O andar feminino está relacionado a personalidade da mulher, ao seu jeito de ser.  A sua voluptuosidade, sua embriagues libidinosa (no bom sentido), seu charme e sua feminilidade, tudo isso está escrito nos passos da mulher que anda. A linha tênue que há entre a vulgaridade e a elegância da mulher muito bonita, é quebrada pelos passos da mulher que anda. A felicidade do homem, de qualquer homem, está na mulher que anda.

Bom, depois de Luana, Bergman e Jacqueline, há “a mulher que anda”, da qual prometi que comentaria em seguida. Dizem que só se ama uma vez na vida e que se esse amor for impossível é porque era amor de verdade, segundo Arnaldo Jabor. Segundo ele, não se vive o amor verdadeiro, senão deixa de ser amor. Eu não sei ainda o que habita em meu peito, como se alguém soubesse! Claro, há lembranças mil de um “amor” desfeito, mas a lembrança mais viva são os passos da mulher que anda, como que me seguindo. Acho que é porque eu ando, e em cada passo há partes da coreografia que aprendi andando com a mulher que anda. Me vejo deixando o carro propositadamente pra andar um pouco mais, como se andar fosse uma forma de, talvez, reencontra-la, parada num shopping, de costas, me vendo com o canto do olhar. 

Um comentário:

  1. Muito bom Gerson! Ficarei ainda mais atento ao andar das belas!
    Parabens pela inspiração.
    Edi

    ResponderExcluir